A bicicleta - PARTE II


Quando Rubinho já estava um pouco maior, surgiu-lhe a oportunidade de morar com uma tia na cidade grande. Era uma boa chance de crescer nos estudos e conseguir um futuro melhor que aquele que seria no interior.

E assim aconteceu. O menino cresceu, se casou e se tornou o Dr. Rubens. Sua inteligência o levou longe e agora poderia ajudar a família e proporcionar aos filhos a vida boa que não teve.

Certo dia, perto do Natal, ele recebe uma correspondência de sua mãe. Encontra um papel com aspecto sujo e desamassado, amarelado pelo tempo. Ao abrir, impressiona-se ao reconhecer as letrinhas arredondadas ali escritas. Era a sua carta ao papai Noel, de palavras inocentes, a tanto tempo atrás. Minha mãe deve ter achado-o no chão e o guardara até hoje - ele pensou. Começou então a lembrar da infância difícil, do pouco que tinha e começou a chorar. Dessa vez não era por raiva, mas por emoção. Percebeu que a vida não tinha sido injusta com ele, como pensava e naquela noite, dormiu com um propósito.

Ao amanhecer, comprou uma bicicleta bonita, do jeito que sonhava. Mas essa não era para ele nem para os seus filhos. Enxergou num garoto pobre que via sempre perto do serviço ele próprio. A pobreza do passado e os sonhos que pareciam impossíveis. Decidiu presenteá-lo. A bicicleta que ele tanto desejava iria alegrar uma outra criança.

E assim fez. Descobriu que papai Noel não fora sempre uma ilusão, mas que ele pode estar dentro de cada um. Sentiu-se feliz!
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A bicicleta


Rubinho era um garoto do interior. Tinha uns 10 anos de idade e a vida humilde que levava refletia no seu corpo franzino. Apesar de nunca ter tido muito, sua sabedoria se destacava dos outros meninos. Foi o primeiro da turma a começar a ler, aos oito anos já conhecia as palavras. Quanta esperteza tem ele! - diziam os conhecidos. Comandava as brincadeiras da garotada e até ajudava a vender os produtos na feirinha com o pai.

Mas a vida simples daquele lugar não o dava expectativas de ir muito longe. Filho de pobre morria pobre, já era natural. Até os tão sonhados brinquedos dificilmente apareciam, o jeito era improvisar criando com as próprias mãos. Sonhador como era, Rubinho se imaginava um dia andando numa bicicleta, mas não era como uma qualquer, era a sua bicicleta. Assim como os meninos bem vestidos da cidade tinham as suas.

Uma vez ouviu falar em papai Noel e não pensou duas vezes, acreditou que poderia pedir um bom presente afinal, fora um bom filho o ano todo, nem ao menos amolava a mãe pedindo moedas. Conhecia as dificuldades.

Era véspera de Natal e Rubinho pegou uma folha de papel para escrever. Caprichando na letra, pedia ao bom velhinho uma bicicleta, podia ser pequena que nao teria problemas, para ele era um tesouro. Dobrou a carta com carinho e a colocou debaixo do pote do armário, com a pontinha pra fora claro, assim seria encontrada. Nessa noite sem ceia, foi dormir feliz. Algo melhor viria.

Amanheceu e ele, ancioso, foi procurar pela casa o seu presente. Não encontrou e ficou desapontado, mas pensou - Não deu tempo dele vir, mas ainda vai chegar. Mais uma noite se passou e novamente nenhum sinal de bicicleta, dessa vez culpou o lugar onde estava a carta, talvez não estivesse visivel o suficiente e então tratou de arrumar isso.

O terceiro e quarto dia se passaram e ele começou a perceber que a história de papai Noel não passava de ilusão. Olhou sua sincera cartinha ainda intacta e a releu. Não sabia se sentia tristeza ou raiva, quis chorar. Passou então a pensar em como o mundo é injusto, o quanto há pessoas que pouco têm enquanto outras têm muito. Enquanto uns batalham para conseguir algo e outros disperdiçam. As lágrimas correram-lhe pela face. Não podia culpar os pais tampouco consegueria sua bicicleta, ele sabia. Queria que tudo fosse diferente, mas era só uma criança. Decidiu se conformar, não queria que a mãe sofresse também. Amassou seu papel e o jogou no chão. O sonho de papai Noel tinha acabado.

Então eis que...

(CONTINUA NA PRÓXIMA POSTAGEM)

:)
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