- É quase meio dia, o sol está escaldante, a terra árida e as plantas secas refletem a falta de chuvas. A panela, ou mesmo a lata, está vazia. Para driblar a fome, água morna com açúcar para as crianças, ou “galapinha”, como elas chamam. Recebem o seu "mingau" e vão se deitar no chão de barro, nuas, envoltas por moscas, para comer.
- Periferia da cidade. Sem estudos ou outros recursos, é difícil conseguir emprego. Mais difícil ainda é sustentar os filhos sem o mínimo necessário. O mínimo a que me refiro é feijão, farinha ou quem sabe um pouquinho de arroz. Casa precária, alimentação escassa e a lida difícil com um alcoólatra que pega o pouco de casa para trocar por bebida.
As cenas descritas acima são o foco do documentário que assisti uma semana dessas. De José Padilha, GARAPA, através do cotidiano que acompanhou por um mês de três famílias, mostra um estado de pobreza e fome que atingem milhões de brasileiros.
Temas como esse, que às vezes ja parecem tão saturados, na verdade possuem cenas que nem imaginamos. É que estamos acostumados a ver ou falar desses fatos em uma escala mais global, por números, estatísticas, reportagens de tv. E assim, continuamos sem saber como as coisas acontecem de fato.
"Se voce lê dados do Ibase e do IBGE, fica sabendo que existem 910 milhões de pessoas no mundo que sofrem deficiência alimentar grave, mas ao ler uma reportagem dessas, voce nao entende o que significa a fome para quem lida com ela todos os dias. A primeira ideia era fazer um filme do ponto de vista de quem passa fome", comenta José Padilha.
Eu mesma, se alguém me perguntasse, teria alguma coisa pra dizer sobre a fome não só no Brasil, mas no mundo. No entanto, nunca tinha estado tão próximo dessa realidade como fiquei, assistindo as quase 2 horas de documentário.
No filme, em preto e branco mesmo e sem o mínimo de ensaio ou informações além da hitória daquelas famílias, percebemos de perto seu dia-a-dia, a luta das mães para dar comida aos filhos, a total falta de higiene, as crianças feridas, a realidade de programas como o Bolsa-Família.
Não criei esse post para culpar x ou y pela situaçao dessas pessoas, mas apenas falar de um problema que realmente existe e na maioria das vezes está tão alheio à nossa realidade que mal paramos para lembrar.
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