Rubinho era um garoto do interior. Tinha uns 10 anos de idade e a vida humilde que levava refletia no seu corpo franzino. Apesar de nunca ter tido muito, sua sabedoria se destacava dos outros meninos. Foi o primeiro da turma a começar a ler, aos oito anos já conhecia as palavras. Quanta esperteza tem ele! - diziam os conhecidos. Comandava as brincadeiras da garotada e até ajudava a vender os produtos na feirinha com o pai.
Mas a vida simples daquele lugar não o dava expectativas de ir muito longe. Filho de pobre morria pobre, já era natural. Até os tão sonhados brinquedos dificilmente apareciam, o jeito era improvisar criando com as próprias mãos. Sonhador como era, Rubinho se imaginava um dia andando numa bicicleta, mas não era como uma qualquer, era a sua bicicleta. Assim como os meninos bem vestidos da cidade tinham as suas.
Uma vez ouviu falar em papai Noel e não pensou duas vezes, acreditou que poderia pedir um bom presente afinal, fora um bom filho o ano todo, nem ao menos amolava a mãe pedindo moedas. Conhecia as dificuldades.
Era véspera de Natal e Rubinho pegou uma folha de papel para escrever. Caprichando na letra, pedia ao bom velhinho uma bicicleta, podia ser pequena que nao teria problemas, para ele era um tesouro. Dobrou a carta com carinho e a colocou debaixo do pote do armário, com a pontinha pra fora claro, assim seria encontrada. Nessa noite sem ceia, foi dormir feliz. Algo melhor viria.
Amanheceu e ele, ancioso, foi procurar pela casa o seu presente. Não encontrou e ficou desapontado, mas pensou - Não deu tempo dele vir, mas ainda vai chegar. Mais uma noite se passou e novamente nenhum sinal de bicicleta, dessa vez culpou o lugar onde estava a carta, talvez não estivesse visivel o suficiente e então tratou de arrumar isso.
O terceiro e quarto dia se passaram e ele começou a perceber que a história de papai Noel não passava de ilusão. Olhou sua sincera cartinha ainda intacta e a releu. Não sabia se sentia tristeza ou raiva, quis chorar. Passou então a pensar em como o mundo é injusto, o quanto há pessoas que pouco têm enquanto outras têm muito. Enquanto uns batalham para conseguir algo e outros disperdiçam. As lágrimas correram-lhe pela face. Não podia culpar os pais tampouco consegueria sua bicicleta, ele sabia. Queria que tudo fosse diferente, mas era só uma criança. Decidiu se conformar, não queria que a mãe sofresse também. Amassou seu papel e o jogou no chão. O sonho de papai Noel tinha acabado.
Então eis que...
(CONTINUA NA PRÓXIMA POSTAGEM)
:)
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